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Entrevista com Tati Lopatiuk, criadora da Oficina de Fanfics da FLIMO - Festival Literário Mauro de Oliveira de 2018

  • Foto do escritor: nepfanfic
    nepfanfic
  • 11 de jul.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 16 de jul.

Tati Lopatiuk é uma publicitária e escritora que, em Setembro de 2018, realizou uma oficina de Fanfics na FLIMO - Festival Literário Mauro de Oliveira na Escola Estadual Prof. Mauro de Oliveira em São Paulo, onde conseguiu, através desse evento, abrir espaço para as fanfics na escola pública.
Assim como a Tati, nós do NEPF temos como premissa levar a fanfic para todos os lugares, e as escolas são os locais onde mais devemos incentivar a leitura e o manuseio da nossa imaginação. Por isso, convidamos a Tati para responder algumas perguntas sobre a oficina e sobre qual a importância da fanfic para o desenvolvimento de futuros escritores.

#1 - Primeiramente, muito obrigada por aceitar participar desta entrevista, Tati! Conte um pouco sobre você, de onde você é e com o quê você trabalha.


Eu quem agradeço! Eu me chamo Tati Lopatiuk, tenho 39 anos e trabalho em publicidade. Nasci no Paraná, e aos 25 anos me mudei para São Paulo, onde moro desde então. Sou redatora por vocação, e atualmente trabalho como Gerente de Conteúdo em uma agência multinacional. Sou casada há 13 anos e tenho 3 gatos de estimação.



#2 - Como você conheceu as fanfics? Conte um pouco sobre sua experiência com elas e de que forma elas te formaram até os dias de hoje.


Como alguém que lê muito desde criança, sempre explorei todos os gêneros literários ao meu alcance. Com a internet, tive contato com as fanfics quando comecei a gostar de One Direction. Até então, eu não escrevia ficção, apenas tinha meu blog onde escrevia em formato de prosa sobre assuntos do meu cotidiano. Foi só em 2014 que escrevi meu primeiro conteúdo ficcional, uma fanfic sobre o Daniel Johns (vocalista da banda Silverchair). Como fez um relativo sucesso na plataforma onde publicava, Wattpad, comecei a exercitar mais minha criatividade nesse sentido e não parei mais de escrever. Hoje escrevo romances regulares e fanfics também, principalmente envolvendo jogadores de futebol. Tenho 16 livros publicados de maneira independente, sendo que 5 deles são fanfics. Continuo consumindo muito do gênero, assim como tantos outros que gosto de ler, como romance, biografias e suspense. 



#3 - Para você, a fanfic é uma importante porta para o desenvolvimento da escrita de futuros autores?


A fanfic é muito interessante para quem está começando a escrever porque permite que você parta de um lugar seguro: um ídolo ou personagem fictício que você já “conhece”. Grande parte da dificuldade de escrever uma história vem de precisar criar do zero, e com a fanfic você já parte de um ponto, ao ter mais contexto para os personagens principais. Além disso, as tramas das fanfics são mais próximas aos nossos devaneios cotidianos quando se trata da relação de fã: sonhar estar perto, viver uma história com aquele ídolo. Tudo isso colabora para que a escrita da fanfic seja relativamente mais fácil de elaborar, e assim se torna uma ferramenta valiosa, porque a partir do momento que você compreende que consegue, sim, escrever uma história, se sente encorajado a produzir cada vez mais. Assim, vai se aprimorando a cada nova fanfic, o que torna possível crescer e tentar diferentes gêneros e abordagens que antes pareciam impossíveis. 



#4 - Soubemos que você produziu uma oficina de fanfics, qual foi o processo para essa oficina ocorrer e onde ela ocorreu? Nos dê detalhes!


Em setembro de 2018, ministrei uma oficina de fanfic para os alunos da Escola Estadual Prof. Mauro de Oliveira, na zona oeste da cidade de São Paulo, durante o FLIMO - Festival Literário Mauro de Oliveira. O convite partiu da organização do evento, onde se buscava que os alunos pudessem expandir seus conhecimentos sobre literatura não só como leitores, mas como autores eles mesmos. A oficina teve cerca de três horas de duração, e a partir do mote “escreva você mesmo o livro que você quer ler”, trabalhei com os alunos o contexto histórico do gênero, trazendo exemplos de fanfics famosas, inclusive aquelas que nem eram vistas como tal, trouxe algumas dicas de escrita, falamos sobre plataformas de publicação e, por fim, encerramos com um breve exercício onde cada aluno escreveu uma sinopse longa da fanfic que pretendia escrever (ou já estava escrevendo). Finalizamos lendo juntos essas sinopses e trazendo nossas percepções sobre os pontos positivos e os pontos a melhorar nos projetos desses alunos.



#5 - Como foi a receptividade dos alunos com relação à oficina? E do corpo docente?


Foi uma turma muito calorosa, interessada e participativa. A oficina de fanfic foi a primeira a ter as vagas esgotadas assim que abriram as inscrições, e muitos alunos me contaram que “nem acreditaram” que a escola traria algo sobre o tema, que eles tinham como algo muito “só deles”. Todos os alunos fizeram o exercício final proposto, saindo dali já com um começo de livro, o que os deixou muito motivados e se sentindo valorizados. O corpo docente se mostrou muito satisfeito ao ver que “acertou” ao acreditar no tema, tanto pelo alto nível de adesão dos alunos como pela felicidade deles ao se verem tendo espaço para falar sobre seus sonhos e seus ídolos.



#6 - Você acha que essa experiência impactou de alguma forma o ambiente escolar e a vida destes alunos?


Acredito que sim. Para mim, a principal sensação que percebi vindo deles foi de validação. O tema fanfic não era novo para nenhum deles ali, pelo contrário, eles quiseram participar justamente para pegar dicas para começar a produzir ou melhorar a produção já em andamento. Senti que foi algo colaborativo, um momento em que criamos juntos, e isso fez com que se sentissem importantes. Afinal, era uma autora, adulta, falando com eles de igual para igual, trocando experiências e mostrando que existe valor no que eles estavam fazendo. Saímos de lá todos muito felizes e inspirados.



#7 - E pra você, o que essa experiência significou?


Para mim, foi uma troca muito interessante e uma reafirmação sobre o valor da literatura em minha vida. É muito significativo poder falar sobre o que nos move e ver que aquele nosso mundinho solitário que existe enquanto estamos escrevendo é algo muito maior, que muitas pessoas estão vivendo isso também, e que, mesmo cada um no seu canto, juntos estamos criando algo.



#8 - Quais dicas você daria para outras pessoas e/ou outras universidades que queiram fazer oficinas de fanfic?


Vale ficar atento nos perfis proeminentes das plataformas de fanfic para descobrir novos talentos que possam transmitir sua experiência com o gênero. Aliás, mesmo dentro da universidade é possível encontrar essas pessoas, então é sempre bom partir do ponto de que é um assunto que já faz parte do cotidiano desses jovens.



#9 - Por último, deixe aqui seus comentários sobre nosso núcleo e para nossos leitores do blog!


Fico muito feliz em saber que existem núcleos assim dentro das universidades, é fundamental entender que a fanfic é um gênero literário tão válido quanto qualquer outro. O fato da fanfic ser mais acessível, tanto em consumo quanto em produção própria, precisa ser visto como um potencial, e não como demérito, como tantas vezes encaramos por aí. No mais, agradeço o espaço e torço para que essa iniciativa cresça mais e mais. Público sempre vai ter, isso eu garanto!

Link para o perfil da Tati no Instagram: @tadsh

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